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terça-feira, 12 de abril de 2016

ESBOÇO DA PRESENÇA MILITAR EM NIOAQUE - 1849-1906 - CORPO DE CAVALARIA

TRAJETÓRIA DO CORPO DE CAÇADORES DE CAVALARIA COMANDO DE PEDRO JOSÉ RUFINO


7º REGIMENTO CAVALARIA LIGEIRA

CAPÍTULO VI

6  Introdução


Este Capítulo, sem pretensão de ser totalidade da História Militar em Nioaque, ocorrida no século XIX, mas esta relação de fragmentos visa oferecer uma visão global sobre os fatos das Unidades Militares ali estacionadas desde o princípios da fundação de Nioaque.


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TÓPICO 45 - NIOAQUE ATRAVÉS DA HISTÓRIA DOS QUARTÉIS - SÉCULO XX

A História da presença Militar em Nioaque está ligada ao próprio povoamento, ou seja, o povoado de Nioaque, hoje cidade e cabeça de Comarca que somente foi possível, graças a presença permanente de elementos militares.

Através das Unidades Militares que aqui sempre estiveram proporcionaram entre outras influências: garantia da fronteira com o Paraguai, segurança contra os ataques indígenas,  proteção contra bandidos e congêneres, apoio ao povoamento, comércio, sem contar as atividades sociais, políticas, saúde, religiosas e  culturais.

Apresentamos um esboço desde a fundação da Colônia Militar ou Destacamento Militar, com a chegada do 1º Corpo de Cavalaria, que traz o impulso para o desenvolvimento, sua participação  durante a Guerra do Paraguai; posterior à Guerra, sua participação para o renascimento do povoado de Nioaque, transformado mais tarde em  7º Regimento de Cavalaria, seu apogeu em Nioaque e sua  transferência para Bela Vista.

Para complementar, documentos inéditos, correspondências entre o 7º Regimento e os Governantes da Capital, Cuiabá e a relação dos Ex-Comandantes Militares que aqui desempenharam um papel relevante, influenciando sob todos os aspectos as decisões da comunidade e da região.

Algumas informações estão relacionadas aos Capítulos anteriores, povoamento de Mato Grosso, Criação da Capitania, fundação da cidade de Nioaque, Guerra do Paraguai, Campanha de Mato Grosso.


6.1 – As Colônias Militares


Segundo a História do Exército Brasileiro[1], o  Brasil não encontrava no Império recursos humanos suficientes para a povoação das extensas áreas de terras.

No entanto não se intimidou. Obstinado na preservação das  conquistas, selecionou nos extremos mais longínquos, os pontos mais favoráveis, os locais de passagens obrigatórias e os ocupou por destacamentos militares.

Satisfizeram plenamente as principais necessidades: propiciar bases para o “Uti Possidetis”, porque as fronteiras desguarnecidas e não tínhamos tratados de limites com as novas Repúblicas emancipadas do domínio espanhol.

O primeiro Ato Legislativo a respeito das Colônias Militares encontra-se na Lei orçamentária do Império, exercício de  1850/51, nº 555 de 15 de junho de 1850, cujo artigo 13º, item 3º, autoriza o Governo Imperial a estabelecer, onde convier, presídios e Colônias Militares, dando-lhe a mais adequada organização.

Instruía-se formalmente a Colonização Militar do país, e a regulamentação do gabinete definia as finalidades:


  • ¨  Proteção e assistência ao colono que nelas se estabelecessem;
  • ¨   Policiamento da região, refúgio de vagabundos e criminosos;
  • ¨ Promoção da cultura do solo e a exploração de produtos naturais;
  • ¨  Proteção e assistência à catequese dos silvícolas.
  • ¨ Ainda outras instruções para o funcionamento das diversas Colônias: conter o desrespeito aos índios, proteger a população dos assaltos e correrias, proteger a navegação fluvial, proporcionando-lhes pontos de apoio, nas margens despovoadas dos rios.
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6.1.1        Por que as Colônias Militares?

Além das finalidades já descritas há outras razões também consideradas relevantes dificuldade em conseguir voluntários civis para povoar o interior, local alguns inóspitos, sem conforto e atrativo dos centros urbanos; apelava para o pessoal militar que uma vez designados, obedeciam.

Nos relatórios do secretário da Guerra do ano de 1858, diz “o de que se trata é de estabelecer núcleo de povoamento em legares remotos, centrais, despovoados, onde a princípio só podem  resistir às privações e permanecer como colonos, indivíduos  habituados à obediência passiva, adquirida pelos severos hábitos militares de disciplina”.

O Diretor da Colônia era o próprio comandante do contingente, geralmente um oficial subalterno.

Essas Colônias Militares viriam aos poucos se tornarem núcleos de apoio à emigração espontânea da população civil.

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6.1.2        Referências Sobre a Colônia Militar de Nioac

            Em Mato Grosso foram criadas  diversas Colônias Militares entre elas a de Nioaque:
Tabela 1: Colônias Militares em Mato Grosso.
           
Local
Período
Nioac e Brilhante
Em 1850
Dourados[2]                  
1856
Miranda                     
1859
São Lourenço[3]            
1859

Fonte: Baseado na História do Exército Brasileiro, Vol. II.  Biblioteca do Exército, 1972





A respeito da Colônia Militar de Nioac diversas literaturas tratam deste aspecto, todas ligadas à fundação do povoado de Nioaque.

Na genealogia da família Barbosa em Mato Grosso do Sul, encontra a descrição seguinte[4]: “...passavam-se os anos e Manoel Bruswick Barbosa, residente na fazenda Urumbeva, um belo dia recebeu do seu pai, Inácio Gonçalves Barbosa, um bilhete onde  lhe pedia para ajudar o Capitaneo da Malícia, que iria fundar Santa Rita do Anhuac. Escolhesse o local mais adequado para uma futura cidade e conduzisse os seus amigos Guaicurus para que contribuíssem na construção de um pequeno quartel, aproximassem dos civilizados civilizando-os também.    Assim fez Manoel, granjeando a amizade e consideração dos  ilustres brasileiros, valente João José Dias”.

No álbum gráfico de Mato Grosso[5] no aspecto histórico do Município de Nioaque faz a referência seguinte: “Á princípio simples destacamento militar de vinte e cinco praças de linha, com a tentativa do Barão de Antonia em ligar a então província de Mato Grosso á do Paraná por meio da navegação dos rios Tibagy, Paranapanema. Paraná, Ivinhema, Brilhante, Anhoaque e Miranda foram aos poucos, ahi se estabelecendo desde 1848, diversos  moradores.”

Na própria História do Exército Brasileiro, encontramos novas referências[6]. “...Em Mato Grosso tivemos várias Colônias Militares, Nioac e Rio Brilhante, criadas em 1850, regulamentadas em 1855, as primeiras. A cada uma, o Governo Imperial destinou em  1854, cerca de um milhar de colonos portugueses. A principal finalidade e ambas: proteger e auxiliar a navegação fluvial entre as Províncias do Paraná e Mato Grosso”.

O que tem certeza é de que estes colonos para cá nunca chegaram, nem para Nioac, nem para Brilhante.

Sérgio Buarque de Holanda oferece mais detalhes às duas Colônias[7]: “...o Governo Imperial, quando a partir de 1854 tentou incentivar as viagens pelo Ivinhema; a velha rota começou nesta época a ser mais praticada, abandonando-se de todo ou quase o trajeto pelo Camapuã. A varação pelo Nioaque fazia-se a partir do Vacaria, que freqüentaram tão assiduamente as bandeiras seiscentistas, o trato da terra de oito a nove léguas, que era o quanto chegava neste ponto, o divisor  entre as bacias do Paraná e Paraguai, seria balizado nas  extremidades por duas povoações. Chegou-se a dar princípio a execução deste plano, com a fixação de dois destacamentos de 25 praças, cada um dos extremos do Nioac e do Brilhante. Diversos contratempos  impediram, porém que tal iniciativa produzissem todos os resultados esperados. Em compensação, ela veio permitir o crescimento do núcleo de Nioaque, fruto dessa navegação.

"... desse ponto em diante, na direção do Vacaria e do Nioaque, seria aberto um caminho de carros, empreendimentos relativamente fácil em lugar pouco acidentado.”

Para o pesquisador Odilon Queiroz[8] descreve o seguinte sobre a Colônia Militar de Nioaque: “Em 1850, o Imperador D. Pedro II para proteger a florescente Vila de Miranda, hoje cidade e cabeceira de Comarca, mandou fundar a Colônia Militar de Miranda, a 210 km ao sw mais ou menos, tendo sido nomeado para organizá-la, o Capitão honorário do Exército Brasileiro, João Ribeiro e a sua fundação se deu a 23 de dezembro daquele ano.   O organizador viu a necessidade de se criar um ponto  intermediário entre a Vila de Miranda e a Colônia e resolveu fundar   a 23 de Novembro de 1853 o Povoado de Nioaque, sob a invocação de Santa Rita, que ficou sendo a padroeira da cidade. Seu povoado foi feito com grande número de índios aldeados no Urumbeva e Ariranha e outros pontos próximos e por alguns civilizados,  precedentes da Vila de Miranda, de onde por via fluvial se dirigiam a Corumbá, à direita do Paraguai.

O escritor e historiador Nioaquense, Hélio Serejo em “Nioaque, um pouco de sua História[9], também transcreve a mesma referência: “...E desta Maneira, orientado por um representante do Presidente da Província, o valoroso Capitão João Ribeiro, no dia 23 de Novembro de 1853, foi fundada definitivamente, a VILA DE NIOAQUE”.

Encontramos entre os próprios textos de Queiroz[10], outros elementos interessantes, embora não seja da sua autoria. “A Colônia Militar de Nioaque  mencionada nos documentos paraguaios com o nome de Nhuaque, foi à origem do nome da Vila de Nioac. Está situada à margem do rio Nioac que nasce na serra do Amambaí ou Anhanvaí e deságua no Miranda no local denominado Forquilha e a 21º 09’, 30’ de latitude Sul e a 57º 09’ 30‘ de longitudes Oeste de Paris.

Foi criada como ponto intermediário ou ligação com o rio Brilhante, pelo Barão de Antonina, que procurou estabelecer comunicação fluvial entre Mato Grosso e o Paraná, pelos rios Tibagi, Paranapanema, Paraná, Ivinhema e Brilhante, ponto terminal da primeira parte e onde foi estabelecida uma guarda de 25 praças, pois daí deveriam as cargas ser transportadas até o ponto denominado de Nioac, onde outra guarda ficou instalada, dando origem ao Porto ou Colônia Militar, que em verdade nunca existiu, prosseguindo a rota, por água pelos rios Nioac e Miranda.

O posto de Nioac ficou denominado de São João de Antonina e o Posto de Brilhante, São José de Monte Alegre, os nomes, porém  não “pegaram”. O posto e Porto de Brilhante ficou desde logo abandonado, em virtude da quase impossibilidade da navegação projetada e o de Nioac ficou estacionado até 1859, data em que ele se  mudou a parada do Corpo de Cavalaria e o quartel do Comando do Distrito de Miranda”.

Porém, quem descreve sobre a chegada do 1º destacamento Militar a Nioaque é o próprio é o próprio Hélio Serejo[11]  “No mês de março, via fazenda “Passa Tempo”, fundada em 1844, chega a Nioaque, o destacamento Militar, que, em 1.848, Inácio Gonçalves Barbosa, solicitou ao Major Joaquim José de Oliveira, Presidente da Província. Compunha-se ao mesmo de 75 homens e vinha sob o comando do Capitão Afonso Matias Pereira Fortes, que tinha qualidade e conhecimento suficiente para guarnecer a fronteira.

Alojada as famílias, em ranchos; umas obrigadas em simples coberturas, o comandante Matias Fortes, com instruções de Inácio Barbosa, escolheu o local mais apropriado, à margem direita do rio Anhuac, terras da Fazenda Urumbeva e deu início à construção do quartel[12]”.


De fato este último texto resume o aspecto histórico da  Colônia Militar de Nioaque[13]. Também há diversas  referências onde é atribuído  a Joaquim Francisco Lopes a denominação de São João de Antonina, pois era uma homenagem ao Barão de Antonina,  Senador João da Silva Machado.

Na seqüência os registros sobre a  transferência do Corpo de Cavalaria de Miranda para Nioaque, em 1859.


6.2 Origem do Primeiro Corpo de Cavalaria -  ao  7º Regimento de Cavalaria Ligeira  ao – 10º Regimento de Cavalaria Mecanizada


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6.2.1 Organização Militar na Capitania de Mato Grosso[14]

A origem destas Unidades Militares é uma só, apenas mudaram de denominação, de acordo com as  missões que desempenharam e adequadamente e cada época.

A 09 de Maio de 1748, o Governo do Brasil afim de por cobro aos desmandos e desordens que criavam os dirigentes das terras de Mato Grosso como o sucesso das terras de Mato Grosso, como sucesso das incessantes descobertas de minas de ouro, resolveu separar as ditas terras Capitanias de São Paulo.

Em ato de 9 de maio de 1748, assim procedia. Como conseqüência deste Ato e com fim de regularizar os negócios administrativos da nova Capitania considerou D. João V, Rei de Portugal da Dinastia de Bragança, governou de 1706 – 1750, a urgente  necessidade e conveniência da presença nessas ricas regiões de uma autoridade de primeira  categoria.

Dividiu o Mato Grosso  em duas Capitanias: Cuiabá e Mato Grosso.

A primeira de maior importância veio D. Antonio Rolin de Moura Tavares como Governador e Capitão General.

Em Janeiro  de 1751, foi chegada de D. Antonio e com ele 190 praças de linha, casco de um Regimento de Infantaria. Parece daí a vinda do Exército regular a essas terras.

A 30 de Junho, por razões ignoradas[15], fizeram com que D. Antonio se estabelecesse  no lugar denominado, Pouso Alegre, mais tarde Vila Bela.

Entre os anos de 1751 a 1766, como conseqüência às lutas da Espanha e Portugal pelo domínio do Brasil, combateu essas tropas por diversas vezes aos espanhóis que procuravam se estabelecer além  da linha determinada pelo tratado de Tordesilhas.

No ano de 1769, continuando essa luta, criou-se nesse ano duas legiões: dos Hussares e dos Infantes para melhor êxito contra os castelhanos e contra os índios.

Entre os anos de 1769 a 1817, como fato comum as duas Nações em Organizações continuaram sem trégua as lutas pelo predomínio dessas regiões, a que ambas se julgavam possuidoras.

Em 1818, o  último dos Capitães Generais, Francisco de Paula Magessi Tavares de Carvalho, criou uma Legião das três Armas: Cavalaria, Infantaria e Artilharia.

No ano de 1820, dois antes da Independência do Brasil foi transferida a sede do Governo de Vila Bela[16] para Cuiabá, partindo a Legião para este novo destino.


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6.2.2        No Império

Com a Proclamação da Independência e passando o Brasil ao novo regime, Monarquia Imperial, como fato comum a todas neo-entidades, grandes foram as modificações sofridas no Exército e tão contínuas eram elas que as designações não são conhecidas.

Através do Decreto nº 30 de 22 de Fevereiro de 1839, foi criada a companhia de Cavalaria de Mato Grosso.

Sofre alterações no ano de 1834, com nova denominação de Companhia para o Primeiro Corpo Fixo.

Em 1844, teve novamente outra designação, vindo a chamar-se Primeiro Corpo Fixo de Cavalaria.

No ano seguinte várias designações foram atribuídas, conforme a missão e que por inúmeras não são conhecidas.

Através de um decreto de 22 de Agosto de 1846, passou a  denominar-se “Esquadrão de Cavalaria Ligeira”. Datando daí o perfeito conhecimento da sua História, isto é história que escreveu na cidade de Nioaque por quase meio século de existência, como veremos a seguir, acompanhando os fatos cronologicamente.

6.2.3 De Cuiabá para Vila Maria

A 14 de fevereiro de 1847, marchou de Cuiabá para Vila Maria, hoje cidade de Cáceres. Local designado para sua sede. Vila Maria passou a ser um dos Distritos Militares da Província, ex-capitania.

No ano seguinte, a fim de assegurar provavelmente o domínio das fronteiras, foram enviados reconhecimentos a Corixa, São Lourenço, Dourados, Cassange, Cassiana, Porto Felix e Cidade de  Mato Grosso.
Sofreu nova alteração a 9 de Janeiro de 1849, a partir da  qual passou a denominar-se de Primeiro Corpo Fixo de Cavalaria Ligeira.

No dia 13 de Dezembro de 1850, marchou e estacionou no Porto da Onça e retornando a sua sede em Vila Maria a 23 de Março de  1851.

Nova denominação lhe foi atribuída a 10 de Abril de 1851, passando a chamar-se de Primeiro Corpo de Cavalaria de Mato Grosso.

Entre os anos de 1852 a 1857, não houve alterações.

6.2.4 O Primeiro Corpo de Cavalaria de Mato Grosso a Caminho do  Povoado de Nioaque

Nioaque prepara-se para receber o Primeiro Corpo de Cavalaria de Mato Grosso, para tomar a arrancada do seu desenvolvimento.

Vinha Nioac o começo desde 1847, quando o Barão de Antonina, empreendeu a ligação fluvial entre o Paraná e Mato Grosso,  pelos rios Tibagi, Paranapanema, Paraná, Ivinhema, Brilhante, atravessando um varadouro de nove léguas até atingir as águas do Nioaque e desde então, às do Miranda e Paraguai.

Nioac ficou estacionado até o  ano de 1859, data em que para cá se mudou a Parada do Corpo de Cavalaria e o Quartel do comando do distrito Militar de Miranda.

Através desta rota fluvial viajaram o Comandante das Armas da Província de Mato Grosso e o 2º Batalhão de Artilharia a Pé, que em 1856 chegaram em Nioaque, onde o primeiro Tenente de Engenharia F.C. Souza Pitanga examinou o local de Nioaque de Dezembro de 1857 a Fevereiro de 1858.

Este estudo minucioso da região de Nioaque foi o que proporcionou a transferência do comando Militar e do Corpo de Cavalaria.

Virgilio Corrêa[17],   se refere à região de Miranda, onde estava instalado o Quartel de Comando do Distrito Militar e do 1º Corpo de Cavalaria: ”Posto Edificado em má posição topographica, o posto militar se converteu, por lei provincial de 1835, em freguesia e foi se desenvolvendo até 1859, condenado pelas comissões de Engenharia que lhe arguiram o diminuto valor estratégico, transferiu o comando militar do distrito para Nioac.”

Estas forças Militares que estiveram aquarteladas em Miranda que naquela época era a sede do 4º Distrito Militar, juntamente com o comando da Guarnição da Fronteira com o Paraguai, o primeiro organizado em Mato Grosso, integradas pelo 1º Corpo de Cavalaria da Província.

6.2.4.1 De Vila Maria para Vila de Miranda

 Retrata no Histórico do atual 10º RCM, estacionado em Bela Vista, que no dia primeiro de  maio de 1858,  marchou o Corpo da Vila Maria para a fronteira do Baixo Paraguai, Miranda, em seguida, Vila de Nioaque, sua  nova sede.

A 13 de Junho chegou a Miranda, então Presídio Militar onde acampou.


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6.2.4.2 Chegada a Nioaque

No dia 28 de Novembro de 1859, chegou em Nioaque.

Com auxílio das famílias residentes na região, entre elas a que a História deixou registrada, Inácio Gonçalves Barbosa e do  seu irmão Antonio, ajudaram a construir o quartel, localizado nas  imediações do prédio da Escola Estadual de 1º e 2º Graus “Odete Ignês Resstel Villas Bôas, Antigo Grupo Escolar Antonio João, coberto com palha de palmeiras, com estrutura de adobe e pau-a-pique, recebeu assim, para alojar o 1º Corpo de Cavalaria, e Nioaque que foi transformado na sede do Comando do 4º Distrito Militar, Guarnição da Fronteira com o Paraguai, sendo então Presidente da Província e também chefe das Armas, o Tenente Coronel Antonio Pedro de Alencastro.

A determinação Governamental da transferência de Miranda para Nioaque consistia que segundo a avaliação da comissão  de Engenheiros, era um ponto estratégico, havia  via de comunicação, clima agradável, além de Nioaque ser o único povoado desta região e que estava muito mais próximo e sujeito aos ataques vindo pelo Paraguai do que a Vila de origem.

A transferência deste Comando e do Corpo de Cavalaria trouxe o impulso para o desenvolvimento de Nioaque, com a vinda de  muitas famílias de Miranda, da Capital da Província, de Paranaíba Minas, Goiás, São Paulo e de estrangeiros, como registram as crônicas históricas.

Nioaque de rica fauna e flora, não era uma região pantanosa, foram elementos da natureza que também contribuíram para este  fim.

6.2.5 Algumas Atividades do Primeiro Corpo de Cavalaria

6.2.5.1 Participação na Guerra do Paraguai à resistência e a fuga

No dia 1º de Abril de 1861, assumiu o comando do Corpo e também  do Distrito Militar o Tenente Coronel José Antonio Dias da Silva.

A 7 de Novembro, tendo conhecimento da infiltração paraguaia pela fronteira, ordenou o comando que enviasse reconhecimento para os campos do Apa, via Iguatemi, Exopil e Itapir.
Em Agosto de 1864, o Corpo de Cavalaria mantinha  destacamentos nos seguintes locais:
¨      Distrito Militar do Baixo Paraguai; 
¨      Colônia de Miranda;
¨       Fazenda Betione;
¨       Colônia de Dourados.

Total de 76 homens, com três prontos, 36 empregados, 2 doentes, 2  presos sentenciados e nove fora da Província, perfazia 128 praças que constam do mapa de 14 de Agosto de 1864.

            No dia  30 de Dezembro de 1864 chegou ao conhecimento do Corpo terem os paraguaios invadidos o Brasil, atacando as Colônias Militares de Miranda e Dourados, onde pereceu o Tenente do Corpo, Antonio João Ribeiro, após heróica resistências.

Neste mesmo dia, marchou o Corpo para a  Colônia de Miranda[18], a fim de tomar conhecimento do fato.

No dia 31 de Dezembro de 1864, distante três léguas da Colônia de Miranda, Rio Feio, teve encontro com o inimigo invasor, pondo-se o Corpo em defensiva, com 120 homens, sofrendo carga de  Cavalaria e um ataque nos rios Santo Antonio e Desbarrancado, repelindo-os com honra da dignidade nacional[19].

A 1º de janeiro, acham-se as forças invasoras perto de Nioaque, retirou-se o Corpo para Santana do Paranaíba, pois os atacantes eram em número de 3.000 e o corpo não poderia fazer frente, dispondo de apenas 120 homens.

            Em Salobra ficou o Capitão Pedro José Rufino, a fim de salvar o arquivo do Corpo, que fez, reunindo-se com Dias da Silva em Santana do Parnaíba em 20 de Maio.

No dia 23 de Novembro de 1866, chegou a Capital da Província, onde através do Decreto Imperial n.º 3.555, publicado na organização da Arma de cavalaria, passou  o Corpo a denominar-se Primeiro Corpo de Caçadores a Cavalo.

6.2.5.2 Participação na Guerra do Paraguai, de volta a Nioaque, 1867

Em 31 de Dezembro de 1866, uniu-se em Miranda às Forças Expedicionárias em Operação no Sul da Província de Mato Grosso, sob o comando do Capitão Pedro José Rufino.

Ao primeiro dia de Janeiro de 1867, assumiu o comando da coluna o Senhor Coronel Carlos de Moraes Camisão e a 11 Marchou para a Vila de Nioaque, então, somente ruínas, chegando a 24, às 11 horas, onde acampou em ordem de Batalha. Estava de volta a Nioaque o Corpo, porém incorporado à Coluna Expedicionária.

6.2.5.3 Participação na Guerra do Paraguai, a caminho da Colônia Militar de Miranda

No dia 25 de Fevereiro de 1867, marchou, acampou a uma légua de distância da Vila, às margens do Rio Nioaque e a 26, acampou no Canindé.

Acampou no Desbarrancado a 27 e no dia 2 de Março atingiram o rio Feio, onde também  acamparam, chegando no local onde foi a Colônia Militar de Miranda somente no dia 4  e ai acamparam e permaneceram  até 15 de Abril.

A 15 de Abril, levantou acampamento, fazendo o Corpo e retaguarda, indo atravessar o rio Miranda e acampar perto do Serro do  Retiro no dia seguinte.

6.2.5.4 Participação na Guerra do Paraguai, a caminho do Apa, Bela Vista

Iniciando a marcha, acampando no lugar onde fora a Estância de Gabriel Francisco Lopes,  irmão do Guia da Coluna, José Francisco Lopes, no dia 17 de Abril.

A 19 de Abril atravessou o Taquarussu tiroteando com   os paraguaios e foi acampar no rio Sobreiro, justamente no triângulo que este rio forma com o Apa; e a 20 passou o ribeirão José Carlos e   tomou a Estância da Machorra, após curto tiroteio, aí acampou.

Reiniciando a marcha a 21, atravessou o rio Apa e tomou o Forte de Bela Vista[20] e aí acampou.

No dia 22 de abri de 1867, o Corpo foi elogiado em ordem do dia pelo Senhor Coronel Carlos de Moraes Camisão.

6.2.5.5   Participação na Guerra do Paraguai, a  caminho da Fazenda Laguna, no Paraguai

Seguindo marcha, atingiu o  Apa-Mi no dia 30, onde fez alto na Estância da Laguna, indo acampar meia légua adiante. Invernada da Laguna.

Do dia 5 de Maio, seguiu o Corpo para um lugar previamente designado, as cinco da manhã a fim de cooperar no ataque aos paraguaios, após penosíssima marcha através de terrenos pantanosos no flanco esquerdo do inimigo, chegou o Corpo ao clarear do dia nas imediações do inimigo.

 No dia seguinte, antes de reconhecer a posição, foi o Corpo atacando pela retaguarda; mudando de frente,  por conversões de meios esquadrões, avançou seguindo à frente, o primeiro meio esquadrão em linha de atiradores. Após uma hora de fogo, dispersou o Corpo a os paraguaios e deixou mais de seis mortos, imediatamente seguiu o Corpo a mache-marche, a fim de ajudar o 21.º Btl de Infantaria que se achava em má posição atacando a artilharia e infantaria paraguaia, a primeira em uma eminência de terreno e a Segunda emboscada. Carregando com denodo, destroçou o inimigo que deixou mais de 20 mortos no campo. Novo ataque do Corpo contra os paraguaios que então abandonaram a posição deixando 30 mortos, seis cavalos e inúmeros objetos. Nada sofreu o Corpo, estando finda a sua missão foi atacado pela cavalaria inimiga que procurava cercá-lo, onde mais uma vez foram repelidos.

6.2.5.6  Participação na Guerra do Paraguai, a Retirada da Fazenda Laguna

Na data de 8 de Maio, tendo sido acertado a retirada pela falta absoluta de gado, marchou o Corpo fazendo a vanguarda. Logo no início da marcha, foi o Corpo atacado pela cavalaria e Infantaria inimiga que se achava emboscado em dois capões. Avançou  o Corpo com dois e meio 2 ¹/² esquadrões, indo o primeiro pelo flanco direito e o segundo pelo esquerdo. Após meia hora de nutrido fogo, retirou-se à tropa inimiga para um curral de casas próximas onde se entrincheirou. Pouco tempo levou aí onde saiu para campo e combateu-se a fero frio. Avançou novamente o  Corpo contra o inimigo em número superior a 500, derrotando-o.  Retirou-se o inimigo em completa debandada para um mato próximo distante 1/4  de légua do lugar do combate. Teve o Corpo nove mortos e quatro feridos, inclusive o Capitão comandante. O inimigo deixou em acampo quarenta e cinco mortos e grande quantidade de armamento e mutilação. Após atravessar o Apa-Mi, acampou o Corpo na sua margem direita.

As 06:30 horas do dia 9 de Maio iniciou a marcha tiroteando com o inimigo por mais de uma hora. Neste  mesmo dia acampou em uma eminência que  fica a margem do rio Apa.

No dia 11 recomeçou a marcha, indo o Corpo no centro da Coluna. Às 11:00 horas atravessou o Apa. Marchavam descuidados, quando foram inopidamente atacados pelo inimigo, que estava oculto  por uma elevação do terreno. Sucessivas cargas foram feitas à  coluna. Cavalaria e infantaria inimiga, inimiga jogaram-se com ímpeto contra a Coluna. Houve grande confusão, acrescida pelo estouro da boiada. Generalizou-se o maior combate da retirada, tendo o Corpo se portado com bravura. Finalmente foram vencedores, tendo o inimigo mais de duzentos mortos. Teve o Corpo algumas baixas e a Coluna mais de cem. Marchou o corpo neste mesmo dia, indo acampar no ribeirão José Carlos.

Ao alvorecer do dia 12, reiniciou-se a marcha sob incêndio atravessando o ribeirão José Carlos, onde se acamparam.

Novo tiroteio com o inimigo, que se aproveitava da fumaça para atacar a Coluna. Continuou a marcha através da macega incendiada, isto a 15 de maio.

Dia 16 de Maio a Coluna atravessou o rio das Cruzes (Pompocú) e continuou-se a marcha sob incêndio. A marcha do dia seguinte foi muito lenta devido aos atoleiros.

Sob intensa chuva recomeçou a marcha no dia 18, sofrendo o Corpo e a Coluna, cerrado tiroteio do inimigo, aliás, sempre o repelindo. Começou a grassar a Cólera-morbo. Os dias 20 e 21 não foram por menos: marcha sob fogo, incêndio na macega, ataque do inimigo e a  “Cólera Mórbus”.

No dia 22 de Maio, acampara-se num banhado, próximo ao rio Prata. E a 23, avançaram somente uma légua e meia, sendo grande o número de coléricos. Houve um incêndio e um ataque paraguaio, repelidos com bravura.

A marcha começou no dia 24, sempre hostilizada pelo inimigo. No dia seguinte, atravessaram o rio Prata. No Cambaracê, em virtude de resolução dos chefes, ficaram os coléricos que foram trucidados pelos paraguaios.




            Fotografia da Expedição Retirada da Laguna, ano de 1999, na mata do Cambarecê, no atual município de Jardim, onde foram abandonados os combatentes coléricos, praças e voluntários da Pátria, 25 de maio de 1867.


A marcha do dia 26 foi do mesmo aspecto da anterior.

6.2.5.7 Na Guerra do Paraguai, a Retirada da Fazenda Laguna, à chegada a Fazenda do Guia Lopes, à margem do rio Miranda, as mortes

A chegada ao rio Miranda foi no dia 27 de Maio, onde acamparam. Neste dia o Corpo atravessou o rio que se encontrava cheio dentro de pelotas.

  Pelotas é um couro de boi, com as extremidades em forma de cesto, utilizado para passar pessoas, objetos, alimentos, armamentos de uma margem a outra do rio, neste contexto, no Rio Miranda, aproximadamente a dois quilômetros das cidades de Jardim e Guia Lopes da Laguna, nas imediações entre o cemitério dos Heróis da Retirada da Laguna e a sede da antiga fazenda Jardim, rodovia Guia Lopes da Laguna – Bonito,

A 29 de Maio, a cólera-morbo ceifava a vida do Comandante Coronel Carlos de Moraes Camisão e o Tenente Coronel Juvêncio Menezes. Neste dia assumiu o comando da Coluna, o Major José Tomaz Gonçalves.

O resto da Coluna passou o Miranda no dia 30.

A 1.° de Junho, acamparam na Estância do Falecido Guia da Coluna, José Francisco Lopes. Marchando após descanso para Nioaque.

E P O P É I A   D A   R E T I R A D A   D A   L A G U N A
MARCHA PARA LAGUNA


    Vila Miranda – 17.09.1866 – 11.01.1867
  Chegada a Nioaque da Coluna Camisão – 24.01.1867 – 25.02.1867
Acampamento Rio Nioaque – 25.02.1867
Acampamento Córrego Canindé – 26.02.1867
Acampamento rio Desbarrancado – 27.02.1867 – 02.03.1867
Acampamento rio Feio – 02.03.1867
Acampamento Colônia Miranda – 03.03.1867 – 15.04.1867
    Cerro Retiro – 15.03.1867
Estância Monjolinho (Finado Gabriel Fco. Lopes) – 17.03.1867
Acampamento rio Sobreiro – 19.03.1867
Machorra – 19.03.1867
Forte de Bela Vista (Paraguai) – 21.04.1867
Fazenda Laguna (Paraguai) – 01.05.1867 – 08.05.1867
RETIRADA DA LAGUNA
Acampamento Corrego Prata – 22.05.1867
Margem esquerda do Miranda – falecimento do Cel. Camisão, Cel. Juvêncio, Guia Lopes(José Francisco Lopes) – 27.05.1867 – 1.°.06.1867
Acampamento na Estância Jardim de Propriedade do finado Guia Lopes – 01.06.1867
Travessia do Canindé – 02.06.1867
Retorno a Nioaque – 04.06.1867
Travessia do Ribeirão Formiga – 05.06.1867
Acampamento no Rio Taquarussú – 08.06.1867
Região dos Morros e região do Rio Aquidauana
Rumo de Cuiabá tomado pelo Corpo de Cavalaria do Capitão Pedro José Rufino chegando em 19.10.1867
Rumo  de Santana do Parnaíba do restante das Tropas.


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5.2.5.8 Na Guerra do Paraguai, a Retirada da Fazenda Laguna, retorno a Nioaque

Fazia o Corpo da vanguarda. Atravessando o Canindé no dia 2, acampando a duas léguas de Nioaque.

E finalmente retornando a Nioaque, acampando no dia 4 de Junho de 1867, depois de mais de três meses de penoso sofrimento deixando a mesma no dia seguinte, acampando-se no Formiga.

Reiniciando a marcha no dia 6  e acampando no ribeirão das   Areias.

Atingindo o Taquarussu no dia 8 onde acamparam. 

O Porto Canuto, à margem esquerda do rio Aquidauana no dia 11, onde acamparam.

O Corpo de  Cavalaria foi elogiado em ordem do dia, pelo Senhor Major José Tomaz Gonçalves, Comandante da Coluna pela brilhante ação durante a penosa retirada, isto a 12 de Junho de 1867.

 Este era o fim da Retirada, a “Epopéia da Laguna”.


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6.2.6 O Regresso a Cuiabá do Corpo de Cavalaria

O Corpo depois de ter cumprido a sua missão junto a Coluna das Forças Expedicionárias em operação no Sul da então Província de Mato Grosso busca novamente o seu caminho de origem, a Capital, Cuiabá.

A 5 de Agosto de 1867, da margem esquerda do Aquidauana reinicia a marcha.

Acampando no adia 22 de  Agosto na marcha do ribeirão das Correntes; e a 26 saíram e atravessara o rio Taquari, onde acamparam.

Reiniciaram a viagem a 19 de Setembro, chegando no   rio São Lourenço, onde acamparam, no dia 04 de Outubro.

A 19 de outubro chegaram no Mimoso e a 12  de novembro acamparam no Aricá. Chegando ao Coxipó onde acamparam no dia 18.

E finalmente chegaram no seu destino, na data de 19 de novembro de 1867.

6.2.7. As novas Missões do Corpo de  Caçadores, Corumbá, 1868

Em 18 de Fevereiro de 1868, marchou para Calsange e regressando para Cuiabá a 04 de Junho.

Em virtude da ordem do dia, n.° 53 de Setembro, do Barão de Melgaço, Presidente da Província e Comandante das Armas, embarcou o Corpo  para Corumbá, viagem que teve início no dia 20 e  desembarcou a 1.° de Outubro onde ai permanecera até o final da Guerra da Tríplice Aliança e o Paraguai.






Fotografia[21] do M. D. Ajudante do 1º Corpo de Cavalaria, Joaquim Severo Bispo, Nioaque, 1885.


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6.2.8 O Primeiro Corpo de Caçadores a Cavalo Retornando a Caminho de Nioaque, 1870, Período Pós-Guerra do Paraguai

Em virtude da Ordem do n.°20 de 09 de Abril de 1870, a 18 de Junho embarcou para Vila de Miranda, desembarcando a 06 de Julho, seguindo depois para Nioaque.
O Senhor Presidente da Província louvou o Primeiro Corpo de Caçadores, em nome do  Governo Imperial, pela resignação com a que sofrera as privações, lutando com a peste, a fome e a Guerra na  retirada das tropas do Norte do Paraguai e vários oficiais e praças, o Governo Imperial condecorou com a medalha da Constância e Valor, criada para as Forças que operavam no Sul de Mato Grosso.

A 1.° de Fevereiro de 1871, o Boletim Regimental n.° 01 do Primeiro Corpo de Cavalaria, ainda com sede em Nioaque, publicou o Decreto n.° 4.572 de 12 de Agosto de 1870, que aprovando o Plano de Organização do Exército, após a Guerra do Paraguai, dava essa denominação ao antigo e agora extinta o Primeiro Corpo de Caçadores a Cavalo.

Continuou a comandar a unidade recentemente organizada, o já então Capitão José Rufino, que a constituiu com o remanescente do seu glorioso Corpo de Caçadores a Cavalo.

A 08 de Março de 1883, o Capitão Pedro José Rufino, foi substituído no comando pelo Tenente Coronel Francisco Xavier de Godoy, e transferido para o 2.° Corpo de Cavalaria na Província do Paraná.

Em 1.° de Setembro de 1885, em ordem do dia n.°245, o Comandante Major Frederico Solon Sampaio Ribeiro, passou novamente o Comando do Corpo ao Tenente Coronel Pedro José Rufino.




A gravura[22] ao lado registra o uniforme de um oficial e uma praça de Cavalaria do ano de 1886.


Aos 18 dias do mês de novembro de 1886, assumiu o comando do Corpo o  Coronel Manoel Lucas de Souza, recebe-o do Tenente Coronel Pedro José Rufino.

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6.2.9 Nasce o 7º Regimento de Cavalaria Ligeira, Nioaque, 1889

Recebeu  o Coronel Manoel Lucas de Souza, o ofício n.° 599 de 11 de Abril de 1889, do Comandante das Armas da Província de Mato Grosso, versando sobre o Decreto referido no ano anterior.



Fotografia que mostra a frente do 7º Regimento de Cavalaria Ligeira,  Quartel que estava localizado no local do prédio da Atual Escola Estadual Odete Ignês Resstel Villas Bôas


Em conseqüência mandou encerrar a escrituração do extinto “Primeiro Corpo de Cavalaria” e abrir uma nova para o “Sétimo Regimento de Cavalaria Ligeira”. As quatro Companhias foram respectivamente formadoras dos quatro esquadrões de Cavalaria, não havendo alteração na remuneração das praças. Já em Fevereiro do mesmo ano, ordem do dia n.° 2.241, classificava no Regimento um grau de oficiais, dos quais a maioria aqui não se apresentou.

A 03 de Fevereiro, de 1890, atinge a idade limite para a compulsória, de acordo com o Decreto n.°193-A de 30 de Janeiro, o Tenente Coronel Pedro José Rufino, que, todavia continuou em suas funções até 1.° de Maio.

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6.2.10 Deixando Nioaque Definitivamente o 7º Regimento de Cavalaria Ligeira


Depois de mais de seis décadas, agora deixará Nioaque a Unidade Militar que acompanhou todo o desenvolvimento de Nioaque, desde suas primícias até sua maior idade.

Nos primeiros dias do mês de Março do ano de 1903, 0 7.° Regimento de Cavalaria Ligeira deixou Nioaque, marchando para Vila de Miranda, sua nova e provisória sede. Bivacando a 6 de Março no passo do Lajeado, e a 16 de Março, realizou no passo do Furriel Pires e no seguinte, aquartelados em Miranda.

A 18 de Março, o Capitão Francisco Rego, retransmitiu o Comando ao Coronel Augusto Pinto Pacca, que voltara de Corumbá, promovido a este posto e que comandara o Regimento como Tenente Coronel.

Entre os anos de 1904/1905, neste ano o Major João José da Luz, promovido a Tenente Coronel, para o sétimo Regimento, apresentou-se em Miranda, no começo de Junho, assumindo o comando, que exerceu até quatro de Junho de 1905, quando publicou uma ordem do dia, de onde se tirara os seguintes dados: existência de 36 oficiais, 110 praças, 115 cavalos, 30 bois e um muar.

Em 26 de Agosto de 1905, o Regimento deslocou novamente de Miranda para Nioaque.

Chegando em Nioaque no dia 10 de Setembro, onde aquartelou sob comando do Capitão Lourenço de Souza Rego.

No dia 28 de Novembro de 1906, recebeu o Tenente Coronel João Inácio Alves Teixeira, a seguinte ordem telegráfica. “Deveis estar pronto seguir vosso Regimento para Bela Vista”.

“Coronel Pedro Paulo Comandante do 7.° Distrito Militar”.

Sua nova sede, Bela Vista, 10 de Dezembro de 1906.

Hoje possui denominação Moderna de 10.° Regimento de Cavalaria Mecanizada permanece ainda em Bela Vista. 








Foto Arquivo do Autor.  Não lembro crédito original. Vista de Prédios comerciais e da Intendência Municipal, frente a Praça Principal, atual Rua  Quintino Bocaiuva.  Paralela com a Avenida xv de Novembro.


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6.3    Algumas Correspondência Militares, expedidas pelo 7º Regimento de Cavalaria Ligeira com os Governo da Capital  mato-grossense,  Cuiabá, 1889

As cópias de algumas correspondências que fizeram parte da vida do 7º Regimento de Cavalaria Ligeira, também fazem parte da História de Nioaque.  Todo o cotidiano da Comunidade Nioaquense esteve influenciado pela presença das instituições  militares e suas respectivas corporações.  São informações que ajudam a compreender aspectos da vida deste período, quando o município de Nioaque atingiu a sua maturidade política e constituindo-se na força política mais influente do Sul do Estado de Mato Grosso.

            São poucos os fatos Históricos apresentados  neste Livro que estiveram isentos de participação das corporações militares: saúde, segurança, educação, cultura, religião, política, economia, administração, jurisprudência; o centro da autoridade e das infra-estruturas era a Unidade Militar, aliás, foram os primeiros servidores públicos a estabelecerem em Nioaque e a contribuir com renda mensal para a economia do local.

6.3.1 Documento um - Correios

“Administração dos Correios da Provincia de Matto Grosso n.°41  Cuyabá, 22 de Agosto de 1889

Mm° Exm° Snhr.

Não tendo Luiz José Pinto de Figueiredo acceitado a nomêação de Agente do  corrêio da Freguesia de Nioac, venho por isso e em virtude da ley n.º2.794, de 20 de Outubro, de 1877, propor a V. Exa. Claro de Almeida Pombo, para substituil-o, visto já se achar investido do referido cargo interinamente.

Deus Guarde V.Exa.


Digm° Snr. Coronel Ernesto Augusto da Cunha Mattos
Presidente desta Provincia.

O Adm° - André Virgilio Per.ª Albuquerque”

6.3.2. Documento dois - correio


“Ilmo. E Exm° Snr.

            N.º 596 – Quartel do Comando do 7.º Regimento de Cavallaria Ligeira em Nioac, 14 de Dezembro de 1889.

A Agencia do correio d’esta localidade está confiada a um ex-praça camarada do Hespanhol negociante, José Alvares Surga quem de facto é o agente. E este homem alem de muito antepathico, não por indole e que aqui existe por fugir a justiça Publica mormente do Paraguay, onde consta ter feito um ou dois assassinatos  e dever oito a dez mil patacões.

A  malha do Corpo aqui chegou de Miranda no dia 28 do mez proximo passado, entretanto que a particular, por cuja direção, isto é de Surga, funciona, chegou no dia 9 do corrente, occasionando por esta forma não haver tempo para responder toda a  correspondencia.

As malhas para Nioac, vindas de Cuyabá fexadas tem ordem do Administrador para não serem abertas em Miranda, o que sendo, desapareceria este inconveniente, visto que por praças do Regimento viria com presteza, não prejudicando o serviço.

Nestes Termos peço a V.Ex.ª providencias para que se digne intervir no sentido de ser a malha official para Nioac, aberta em Miranda, pelo respectivo agente e alli entregue ao commandante do destacamento, de modo a continuar este serviço sem perda de tempo e tropeço para a sua marcha ou então a nomeação de um agente para o Correio que possa despor de sympathia, confiança e patriotismo.

Deus Guarde a V. Exª


Ilm° Exm° Snr. Coronel Ernesto Augusto da Cunha Mattos
Digm° Presidente e Commandante das Armas da Provincia

Manoel Lucas de Souza
 Coronel.”

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“(Ao Snr. Administrador do Correio para informar Palacio do Governo do Estado de Matto-Grosso, Cuyabá 3 de Janeiro de 1890 – General Cunha)”


6.3.3. Documento três – pedido de licença


“Pedido de Licença
Ilm°. E Exmo.Senr. General Governador do Estado de Matto-Grosso

Manoel Satyro de Souza Brandão, 2.º Esquadrão do 7.º Regimento de Cavallaria Ligeira, tendo em Cuyabá sua avó, que pela idade avançada precisa de seo auxilio, vem pedir respeitosamente a V.Exa. se digne conceder-lhe quarenta e cinco dias de licença afim de ir para essa Capital buscal-a para  sua companhia, occorendo por sua conta todas as despesas de viagem.

Conscio da justiça que sempre privado aos actos de V. Exa. O supplicante pede defferimento.

E.R.Mce.
Manoel Lucas de Souza
Coronel”.


<><><><><><><> 

 “Ilmo. Snr.
Passo as mãos de V. Exª  o presente requerimento do 2.º Sargento Manoel Satyro de Souza Brandão e que pede ao Exmo. Snr.Governador do Estado de Matto-Grosso, 45 dias de licença para ir a Capital do mesmo Estado de Matto-Grosso, buscar a sua avó, correndo as despesas de passagem por sua conta, informando a V.Exa., direi que a petição do supplicante é justa.

Quartel do Commando interino do 2.º Esquadrão, em Nioac,


Manoel José Rodrigues
Ten. Commte. Interino do 2.º”


N.º 14 -  Pg. Dusentos réis de sello p. verba
Nioac 15 de Janeiro de 1890 – O Escrivão de despesas”

“(Indeferido –Palacio do Governo do Estado de Matto-Grosso, em Cuyabá 7 de Fevereiro de 1890)”.


Fotografia mostra  uma outra ala do prédio do  antigo Quartel que sediou o 7º Regimento de Cavalaria Ligeira


6.3.4 Documento cinco - correio

“N.º 02 – Administração do Correio do Estado de Matto Grosso, em Cuyabá, 25 de Janeiro de 1890

Senhor General Governador

Informo-vos o conteudo do officio n.º 596 de 14 de Dezembro do anno findo, do Commando do 7.º Regimento de Cavallaria em Nioac, cumpre-me dizer:

O actual agente do Correio de Nioac é Claro de Almeida Pombo e não o negociante José Alvares Sanches Surga, como assegura o Commando daquelle Regimento.

As malas com destino a Nioac não é possivel serem abertas em Miranda, visto como oppõe-se a isso todas as ordens em vigor do Governo Central, mesmo       porque o facto das malas serem  abertas em Miranda traria a irresponsabilidade dos dous agentes,  o de Miranda  e o de Nioac e a confiança do Correio n’este caso desapareceria.
Nutrindo os melhores desejos para attender o quanto reclama aquelle Comando do Regimento, vou tomar informações e em breve vou apresentar o nome de outro cidadão para substituir o actual agente.

Finalizando a presente informação, devo declarar-vos que esta repartição não pode deixar de trazer ao vosso conhecimento o quanto ella se acha grato com aquelle negociante, que tem feito conduzir gratuitamente há seis meses a  esta parte todas as malas de Nioac a Miranda e tem promovido com interesse todo o bem estar do Correio.
Junto devolvo-vos o oficio acima alludido.

Saude e fraternidade

O Administrador–
André Virgilio Pereira Albuquerque”

<><><><><><><> 

 “N.º 03 Administração do Correio do Estado de Matto-Grosso
Em Cuyabá, 27 de Janeiro de 1890

Senr. General Governador

Antecipo-vos que por conveniencia do serviço publico foi hoje assinado a tabella para a partida dos correio terrestres de combinação com o respectivo contratante em a qual ficou assentada a sahida mensal dos estafetas nos dias 14 e 29.

Saude e fraternidade

O Administrador –
Andre Virgilio Perª Albuquerque”.

<><><><><><><> 


“N.º 04 Administração do Correio do Estado de Matto-Grosso
Em Cuyabá, 28 de Janeiro de 1890

Senr.  General Governador


Venho propor-vos a demissão de Claro de Almeida Pombo de Agente do Correio de Nioac e para substituil-o, apresento o Cidadão José Alvarez Sanches Surga.

Saude e fraternidade

O Administrador –
 André Virgilio Pereira Albuquerque”.


6.3.5 Documento cinco - Correio

N.º076 – Quartel do Commando do 7.º Regimento de Cavallaria Ligeira,

Em Nioac, 10 de Fevereiro de 1890

Ao Cidadão General Antônio Maria Coêlho
Digmo. Governador e Commandante das Armas

Cumpre-me levar ao conhecimento de V.Exa. o modo inconveniente e desleixado, porque continua a ser feito o serviço do Correio deste ponto pelo agente que é um ex-praça do Exercito camarada do negociante espanhol José Alvares Sanches Surga, agente de facto. Este individuo sob direcção se acha a mala postal, nenhum interesse toma pelo desempenho satisfatorio da incumbencia que assumo e que já tive a honra de fazer sciencia a V.Exa. em officio n.º  596 de 14 de desembro do anno findo, cujo officio por copia a V.Exa. e no qual parece-me ter provado a incapacidade do referido agente para desempenhar o cargo.

A mala do Regimento que chegou de Miranda no dia 26, no entanto, que só a 30 tudo do mez findo recebeu-se a particular que se acha sob a direção de Surga; facto identico da-se em quasi todas as paradas prejudicando desta forma a bôa marcha do serviço do Corpo, cuja correspondencia não pode ser totalmente respondida,  pela falta de tempo, determinada pela demora desnecessaria e desleixada da parada particular.

Assim peço a V.Exa. providencia para que se digne intervir no sentido de ser a mala official  para Nioac aberta em Miranda e onde sendo entregue ao commando do destacamento ali existente, seguirá emmediatamente seu destino, sem demora, nem incoveniente para o serviço do Regimento; ou então a nomeação de outro agente que desempenha a contento as suas funções, qualidade inseparavel de ter que actualmente serve.

Saude e fraternidade

Manoel Lucas de Souza
Coronel Cmmte”.


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6.3.6. Documento seis -  desordem pública

“Juiso de Paz de Nioac, 8 de Abril de 1890

Cidadão

Tendo sido preso e recolhido no Estado Maior do 7.º Regimento de Cavallaria, sob o vosso digno commando, o Tenente Reformado do Exercito Paulo Nunes de Siqueira, por embriagues e desordem que promovêra na noite de 6 para 7 do corrente e tendo conhecido proprio de que o referido Tenente vive diariamente ébrio e entregue a mais desgraçada capula acompanhado de praças do citado 7.º Regimento e de classe proletaria que reunem na caza,  onde proferem palavras offensivas aos bons costumes e pertubão a paz das familias. Reporto-vos a continuação de manter na prisão por ordem desde juiso afim de obrigal-o a assinar na forma da ley o competente termo de bem viver.

Saude e fraternidade

Ao Cidadão Coronel Manoel Lucas de Souza
Digmo. Comm. Do 7.º Regimt° de Cavª

O Juis de Paz
João Anastacio Monteiro de Mendonça”.


6.3.7 Documento sete -  desordem pública - transferência

N.º 160 – Quartel do commando do 7.º Regimento de Cavallaria Ligeira, em Nioac, 9 de Abril de 1890

Ao Cidadão General Antônio Maria Coêlho
Digmo. Governador e Commte. das Armas deste Estado

Incluso tenho a honra de passar ás mãos de V.Exa. o officio do Juiz de Paz desta Freguesia pedindo para continuar preso até que assine termo de bem viver, o Tenente Reformado do Exercito Paulo Nunes de Siqueira, que fôra no dia 7 do corrente recolhido ao Estado Maior d’este Regimento por provocar desordens em estado de embriagues na noite antecedente.

Allega o Juiz de Paz e cumpre-me affirmar a V.Exa. que de facto da-se o referido Tenente ao vicio da mais desenfreada crapula das familias. Vista do exposto, peço a V.Exa. a bem da moralidade desta povoação e do proprio Tenente se digne providenciar para que elle se retire d’este ponto, por isso que sua conducta pode dar lugar a excessos da parte dos responsaveis pela tranquilidade publica.

Saude e fraternidade

Manoel Lucas de Souza
Coronel”.

6.3.8 Documento oito - congratulações

N.º161 – Commando do Quartel do 7.º Regimento de Cavallaria Ligeira, em Nioac, 14 de Abril de 1890

Ao Cidadão Antônio Corrêa da Costa
Secretario do Governo do Estado de Matto-Grosso

Acuso recebido o officio circular n.º 68 de 10 de Fevereiro ultimo, em que V.S.ª communica-me ter assumido o exercicio  de Secretario do Governo deste Estado para o qual foi nomeado por Decreto n.º 9 de Dezembro do anno findo, congratulando-me  com a Providencia pela acertada escolha do Governo, approveito a occasião para declarar a V.S.ª que encontra n’este Commando todo o apoio para o bom desempenho do cargo que ora exerce.

Saude e fraternidade


Manoel Lucas de Souza
Coronel”.

6.3.9 Documento nove – Recursos para construção do Quartel

“Quartel de minha residencia em Nioac
12 de Maio de 1890

Ao Ilustre Cidadão Marechal de Campo
Antônio Maria Coelho
Governador e Commandante das Armas do Estado

Tenho a honra de dar-vos sciencia que harem do recebido quatro contos de Réis para continuar a construção do Quartel n’esta localidade, por ordem do Eminente Cidadão Generalissimo Marechal Deodoro da Fonseca, então Marechal de Campo, fil-o recolher ao cofre do 7.º Regimento de Cavallaria, dos quaes forão somente gastos até 1.º de Maio do corrente anno, 438:740 réis, continuando o mesmo excedente no mesmo cofre.

E como nenhuma instrucção tive a respeito, peço-vos se digneis dal-as, por isso que eu os tinha destinado somente para compra de tintas, ferragens, vidros para janellas interiores e ferramentas, o que julgo acertada essa aplicação, visto poder continuar este importante serviço, como até aquella data em que deixarei o commando do mesmo Regimento que se construiu de pedra e cal com a abnegavel solidez de 128.400 palmos cubico de parede (calculo aproximado), inclusive os claros de janellas e portas.

Saude e fraternidade
                                             
Manoel Lucas de Souza
Brigadeiro Reformado”.


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6.3.10 Documento dez -  Ofício assunto Reservado,  Prisões


“Quartel do Commando do 7.º Regimento de Cavallaria Ligeira, Levergeria, 11 de Dezembro de 1890
N.º Reservado
Ao cidadão

Segue n’esta data escoltados os irmãos José Lopes e João Lopes e o individuo José Maria companheiro dos mesmos e uma mulher que se dis esposa de um daquelles, todos de nacionalidade paraguaya que foram presos nas imediações de Ponta-Porã, conforme vossas recomendações reservadas em officio ao Cidadão chefe de Policia deste Estado dirigido a este commando em data de 8 do mez preterito, mandei-os fornecer com a diaria de 400 réis marcada para prezos civis alimentando-se que apoio-vos digno approvar.

Aproveito a opportunidade para apresentar os protestos de minha mais alta e perfeita estima e subida consideração.

Saude e fraternidade


Ao Ilustre Cidadão Excelentissimo General de Divisão Barão de Anhambahy

Dignissimo Governador e Commandante das Armas do Estado de Matto-Grosso.


João da Silva Barbosa
Coronel”.

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6.3.11    Documento onze - Comandantes Militares[23] de Nioaque, 1861 – 1906

Esta relação tem o objetivo de permitir a ilustração do Capítulo destacando a presença militar em Nioaque das tropas militares do Exército.


Tabela 2: Relação dos Comandantes militares do Exército que passara por Nioaque entre os anos de 1861 a 1906, a partir do Corpo de Cavalaria de Mato Grosso.
N.º
NOME
PERÍODO
OBSERVAÇÃO
1.
 Tenente Coronel José Antonio Dias da Silva
01.04.1861

1.     
 Cap. Pedro José Rufino
06.01.1863
Corpo de Caçadores a Cavalo
2.     
 Cap. Pedro José Rufino
12.06.1866
Primeiro Corpo de Cavalaria
3.     
 Maj. Pedro José Rufino
01.02.1871

4.     
 Ten.Cel. Francisco Xavier Godoy
08.03.1883

5.     
 Maj. Frederico Solon Sampaio
02.05.1884

6.     
 Ten.Cel. Pedro José Rufino
01.09.1885

7.     
 Cel. Manoel Lucas de Souza
18.11.1886
7º Regimento de Cavalaria Ligeira
8.     
 Cel. Manoel Lucas de Souza
08.06.1889

9.     
 Maj. Antônio Nicolau Cônsul
07.03.1890

10. 
Ten. Cel. João da Silva Barbosa
01.06.1890

11. 
 Maj. Antônio Nicolau Cônsul
18.04.1891

12. 
Ten. Cel. João da Silva Barbosa
01.08.1891

13. 
Maj. Justino da Rocha
01.10.1891

14. 
Ten. Manoel José Rodrigues
18.11.1891

15. 
Maj. Nicolau Cônsul
25.01.1892

16. 
Ten. José Florêncio de Toledo Ribas
04.02.1893

17. 
Cap. João de Almeida dos Santos Velho
03.12.1893

18. 
Major Rodolpho Leopoldo Pinheiro Bitencourt
07.06.1894

19. 
Cap. João de Almeida dos Santos Velho
03.04.1895

20. 
Cap. Antônio Augusto Santhiago
26.07.1896

21. 
Cap. João de Almeida dos Santos Velho
05.04.1897

22. 
Maj. Manoel Marques Saraiva do Amaral
18.01.1899

23. 
Cap. Joaquim Ignacio Baptista Cardoso
28.01.1899

24. 
Cel. Alfredo Barbosa
06.07.1899

25. 
Maj. Hermenegildo Monteiro de Albuquerque
18.09.1899

26. 
1.º Ten.  Peixoto Velho
05.03.1900

27. 
Cap. Berine
29.03.1900

28. 
Maj. Henrique Guilherme Coêlho
13.11.1900

29. 
Ten.Cel. Carlos Augusto Pinto Pacca
08.03.1901

30. 
Maj. Henrique Guilherme Coêlho
19.05.1902

31. 
Cel. Carlos Augusto Pinto Pacca
03.09.1902

32. 
Cap. Francisco Lourenço de Souza Rêgo
26.01.1903

33. 
Cel. Carlos Augusto Pinto Pacca
18.03.1903

34. 
Maj. Marcos Antonio dos Santos
23.07.1903

35. 
Cap. Francisco Lourenço de Souza Rêgo
20.04.1904

36. 
Ten. Cel. João José da Luz
01.07.1904

37. 
Cap. Francisco Lourenço de Souza Rêgo
04.01.1905

38. 
Cap. Camillo Brandão
09.08.1905

39. 
Cap. Francisco Lourenço de Souza Rêgo
26.08.1905

40. 
Maj. Graduado Camillo Brandão
09.09.1905

41. 
Major Juvenal de Souza
10.01.1906

42. 
Major Camillo Brandão
25.07.1906

43. 
Ten. João Ignacio Alves Teixeira
22.11.1906


A seguir uma Fotografia[24] do Capitão Rogaciano do Corpo de Cavalaria em Nioaque e sua família, em 7 de julho de 1884.


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6.3.12 Documento doze – tabela de Rancho

“Presidente do Conselho de Fornecimento
Em Cuyabá, 6 de Novembro de 1890

Cidadão General

Tenho a honra de submetter a Vossa apreciação a inclusa tabella da distribuição da etapa as praças do 7.º Regimento de Cavallaria Ligeira, estacionado na Villa de Levergeria[25], destinada a vigorar no 1.º semestre do proximo vindouro ano de 1891 a qual foi presente ao Conselho e aprovada em sessão de hoje tendo fixado em
$ 670 Réis o valor da referida etapa.
Saude e fraternidade

Ao Senor. General de Divisão Antônio Maria Coêlho
Dignissimo Governador do Estado
Brigadeiro Reformado
Antonio José da Costa”.
(Cópia anexo – duas folhas)


Tabela de Racho  dos Praças do 7º Regimento de  Cavalaria Ligeira, em Levergeria (Nioaque) Primeiro Semestre do ano de  1891


Tabella para  Fornecimento de etapa aos praças durante o 1.º semestre do anno de 1891




Generos





Unidades
7.º Regimento de Cavallaria Ligeira

Ceia
Unidade
Preço
Contracto
Valor da etapa 669 reis

Almoço
Jantar
Fornecedôr
3.ªs  5.ªs e Domin-gos



2.ªs  4.ªs e Saba-dos
6.ªs Feiras
3.ªs   5.ªs e Domin-gos
2.ªs 4.ª e  Saba-dos
6.ªs Feiras
1.º de Janeiro, 21 de Abril  3 e 13 de Maio
Nome
Morada
Assucar
gramas
50
50
50




10
Kilo
535
Zozimo Francisco Gonçalves etc e Cia.
Largo do Quartel
Arroz
gramas



70
70
70
70

Kilo
240
Azeite doce
centilitro





2


Litro
1:000
Bacalhau
gramma





180


Kilo
900
Batata Inglesa
gramma





80
80

Kilo
200
Banana ou Laranja
duas



2
2
2


Duas
10
Café em grão
grammas
40
40
40




30
Kilo
1:100
Carne Secca
grama
125



250



Kilo
300
Carne Verde
gramma

200

500


500

Kilo
160
Carne Verde de Porco
gramma






225

Kilo
400
Farinha de mandioca
decilitro
1,5
1,5

3
3
3
3

Kilo
120
Feijão
decilitro




2
2


Litro
180
Goiabada
gramma






100

Litro
2:000
Manteiga
gramma
12
12
12




7
Kilo
4:000
Macarrão
gramma



15


15

Kilo
1:000
Pão
gramma
200
200
250




120
Kilo
600


Queijo
gramma






40

Kilo
600
Sal
centilitro

1

1
1
1
1

Litro
140
Toucinho
gramma
10
10

25
25
5
30

Kilo
700
Vinagre
centilitro



1

2
2

Litro
500
Vinho tinto de Lisbôa
centilitro






16

Litro
1:500
Verduras
ração



1
1
1
1

Ração
10


Observação

Aos domingos se dará a cada praça uma ração de vinho e não dias de formatura, marchas, exercicios, etc, uma de aguardente na porção de um litro para vinte praças em virtude da Portaria do Ministro da Guerra de 21 de Dezembro de 1889 que publicou a tabella de fornecimento de viveres para o 1.º semestre do corrente anno.
Quartel na Villa de Levergeria, em 25 de Setembro de 1890.

João da Silva Barbosa
Coronel.







[1]  Baseado na História do Exército Brasileiro, Vol. II.  Biblioteca do Exército, 1972, p. 511 – 515.
[2] Colônia Militar de Dourados, Localizada no atual município de Antônio João.
[3] Colônia Militar de São Lourenço, localizada as margens do rio São Lourenço, no atual Estado de Mato Grosso.
[4]  Considera-se, o Livro não possui capa e identificação de autoria, para algumas pessoas consultadas, sugeriram que fosse de Emilio Garcia Barbosa.  Os Barbosas em Mato  Grosso. S/d., apresenta características de impressão dos anos de 1950 ou 1960.
[5] Album Graphico de Matto-Grosso, Hamburgo, Alemanha, 1912. P. 75.
[6] Op. Cit. Ref. 1, p. 514.
[7] Sérgio Buarque de Holanda.  Monções.  Coleção Estudos Brasileiros, RJ.  1945
[8] Aspectos Históricos das Cidades de Jardim e Guia Lopes da Laguna.  Fundação de Cultura de Mato Grosso do Sul. 1985. Textos manuscritos.
[9] Volume I, 1985, p. 27 – 28.
[10] Apud Manuel de Pinho, apontamentos históricos quando  sargento do 7º Regimento de Cavalaria Ligeira em Nioaque.  Fundação de Cultura de Mato Grosso do Sul.  Campo Grande, 1985.
[11] Helio  Serejo.  Nioaque um pouco de sua história. 1985, Volume I, p. 27 – 28.
[12] Localização esta, que atualmente encontra-se nas imediações do Prédio da EEPSG “Odete I. R. Villas Bôas”, antigo Grupo Escolar “Antonio João”, frente ao ginásio de esportes de Nioaque.

[13] Ler Capítulo III, Questões sobre a fundação do povoado de Nioaque.
[14] Algumas destas informações foram cedidas pelo 10º RCM de Bela Vista, 1986. Resumo do Histórico do atual 10º Regimento de Cavalaria Mecanizada.   Regimento Antônio João.  Bela Vista-MS.
[15] Ver Capítulo I, Criação da Capítania de Mato Grosso.
[16] Atual cidade de Mato Grosso.
[17] Virgilio Correa. Mato Grosso. 1929
[18] Cerca de 18 quilômetros da cidade de Guia Lopes da Laguna, na estrada para Ponta Porã e Antonio João.
[19] Mais detalhes podem ser lidos no Capítulo V, A Guerra do Paraguai.
[20] No Paraguai.   Bela Vista, cidade brasileira,não existia nesta época.
[21] Fotografia oferecida ao Alferes Antonio Francisco Xavier, em sinal de obediência e gratidão. Nioac  1º de Janeiro de 1885.
[22] Fotografia extraida do Livro  História do Exército Brasileiro, 1972.vol 2, p. 628,
[23] Relação nominal cedida pelo Major Reformado Gamaliel Stumff, 1985, extraída da listagem dos comandantes militares do 10º RCM, Bela Vista, elaborada pelo Capitão e Comandante Luiz Barbosa Lima, Ponta Porã, 21 de abril de 1936. 
[24] Fotografia pertence a família do Major de Cavalaria Antonio Francisco Xavier.  No verso apresenta a inscrição: O Capitão Rogaciano e sua família visita e comprimenta aos seus estimados compadres o Senhor Alferes Antonio Francisco Xavier e sua Exma.,  família.  Nioac  7 de julho de 1884.
[25] Nioaque.

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