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sexta-feira, 6 de maio de 2016

TÓPICO 5 - NIOAC E O INTENDENTE Dr. DEMOSTHENES MARTINS 1921




1-    ”Currículo

DEMOSTHENES MARTINS
Profissão – Advogado – inscrito sob n. 15 na OAB, Seção de Mato Grosso do Sul
Estado Civil – Casado
Nome da Esposa – Corila Lesonier Martins
Filiação (Pai) – João Pinto de Abreu e Silva
               (Mãe) – Emília Pinto de Abreu e Silva
Endereço – Rua Pedro Celestino, 1079 – CEP – 79015 – Fone 624-2456 Mato Grosso do Sul
Idade – 93 anos. Nascido em 26-10-1894 na cidade de Goiana – PE.

2-      Participação

Telegrafista do Telegrafo Nacional de 1911 a 1919
Prefeito de Nioaque – de 1921 a 1922
Prefeito de Bela Vista de 20-06 a 31-12-1923
Coletor Estadual de Bela Vista de 1924 a 1926
Secretario da Prefeitura de Campo Grande de 1937 a 1942
Prefeito de Campo Grande de 1942 a 1945
Vereador e Presidente da Câmara Municipal de 1947 a 1951
Vereador e Presidente da Câmara Municipal de Maracaju em 1937
Secretario do Interior, Justiça e Finanças de Mato Grosso de 1951 a 1952
Secretario da Agricultura, Viação e Obras Publicas de Mato Grosso de 1952 a 1956
Membro da Diretoria da CELUSA (Centrais Elétricas de Urubupungá), de 1962 a 1966
Secretario do Interior, Justiça e Finanças do Estado de Mato Grosso de 1962 a 1966
Membro da ORDEM DO MÉRITO  JUDICIÁRIO MILITAR, no grau de DISTINÇÃO do quadro ESPECIAL.
Presidente do Diretório regional da UDN (União Democrática Nacional) do Estado de Mato Grosso, de 1962 a 1964
Membro da Subcomissão de Investigações de Mato Grosso de 1970 a 1976
Membro da Academia Mato-grossense de Letras (Cadeira n.28)
Membro da academia Sul Mato-grossense de Letras (Cadeira n.5)
Membro do Instituto Histórico e Geografia de Mato Grosso
Membro do Instituto Histórico e Geografia de Mato Grosso do Sul
Membro da Sociedade Geográfica brasileira de S.Paulo
Diretor do jornal “O PROGRESSISTA “de Campo Grande MS de 1937 a 1937
Autor dos livros “A POEIRA DA JORNADA” (Memorias) “HISTORIA DE MATO GROSSO” (Esboço histórico), “CAMPO GRANDE” ASPECTOS JURÍDICOS E POLÍTICOS, “MARECHAL RONDON” (Ensaio biográfico)
Na Revolução Constitucionalista de 1932, foi 1º do batalhão de Sapadores da Noroeste do Brasil, servindo de oficial de ligação do comando da Circunscrição Militar de Mato Grosso.
É cidadão de Mato Grosso em virtude da Resolução n. 19 de 15 de Setembro de 1973, da Assembleia Estadual.
É cidadão Campo-grandense pelo decreto n. 82, de 3 de dezembro de 1983.

3-    Considerações Recebidas

Medalha do Pacificador
Medalha Candido Mariano da Silva Rondon, da Sociedade Geográfica Brasileira de S.Paulo,
Medalha 9 de julho dos Veteranos de 32 (M.M.D.C)
Diploma de COLABORADOR EMÉRITO DO EXÉRCITO, outorgado pelo Comando do II Exercito
COLAR PURO TAQUES – outorgado pelo Instituto Genealógico Brasileiro de S. Paulo

Demostenes Martins

4- Escalada Política – Prefeito De Nioaque

“Em 1921, o prefeito de Nioac, o fazendeiro Francisco de Paula Souza, renunciou o cargo (que era de organização municipal, ausente os 1º e 2º vices Intendentes, caberia a Câmara Municipal nomear o substituto. Fui nomeado.
As insignificantes rendas municipais não permitiam nenhuma atividade construtiva. Cingi-me ao atendimento burocrático e animar o concessionário do serviço de iluminação da vila e levar a efeito o seu projeto, o que efetivamente se realizou, inaugurando-se esse serviço dois meses depois. O concessionário era o Senhor Estanislau Lolli Ghetti, de Nacionalidade italiana, morador antigo da vila. A iluminação era feita nas ruas e domicílios, pelo espaço de 5 horas.

Esforcei-me junto ao General Rondon, Diretor de Engenharia do Exército e Chefe da Comissão de Linhas telegráficas e Estratégico de Mato Grosso ao Amazonas, valendo-me da amizade que generosamente me dispensava, para a efetivação da construção da Rodovia Aquidauana – Nioac – Bela Vista, projeto seu, em vista de tratar-se de zona de fronteira. A Tropa que guarnecia Bela Vista, o 10º Regimento de Cavalaria, não dispunha de meios de comunicação com as demais guarnições acantonadas no Estado. Era um núcleo isolado, às margens do Apa, a linha divisória do Brasil com o Paraguai.

Em 1922, fui atendido no meu pedido. O General Rondon, designou o Major Júlio Caetano Horta Barbosa para proceder aos estudos da rodovia de Aquidauana a Bela Vista e da transversal de Nioac à estrada carreteira da Cabeceira do Apa.

Vindo à Nioac, o Major Horta Barbosa, expôs-me as dificuldades na obtenção de verbas para o Serviço da Diretoria de Engenharia pelo que, inicialmente, apenas seria melhorada a estrada trafegada pelos primeiros automóveis, entre Aquidauana e Nioaque. E como lhe encarecesse a necessidade da abertura da estrada para a serra, que a Diretoria de Engenharia designava como transversal de Nioac a Cabeceira do Apa, o que importava em ligar a sede do município à sua parte mas próspera, que se situava no planalto da serra de Maracaju, assegurou-me ele que essa estrada seria aberta.

Desse nosso entendimento ficou assentada a colaboração da Intendência Municipal para o desenvolvimento do trabalho.

Quando já não mais exercia o cargo de Intendente de Nioac, recebi datada de 24 de Novembro de 1923, carta do Major Horta Barbosa em que me dizia: “Estimo muito saber que a nova estrada entre Aquidauana e Nioac já esta sendo trafegada por automóveis e há esperanças de melhorar também a da Serra, felicitando-o por essa vitória, que grande parte lhe pertence, como campeão que foi e um dos esforçados cooperadores desse melhoramento para Nioac”.

Em novembro de 1922, inspecionando os trabalhos do seu setor, o Major Horta Barbosa, num Ford, guiado pelo motorista Antônio Rinaldi (italiano), foi o primeiro automobilista a subir pela estrada da Serra até galgar o último aclive.

 Substituído, em seguida, por Alarico David Medeiros, na Intendência, que eu renunciara, prosseguiram esses trabalhos rodoviários.

Deixei, também, resolvida a questão do domínio de vários terrenos urbanos, cujos proprietários, quase todos militares do antigo 7º Regimento de Cavalaria, sediada em Nioac, os abandonaram.

Como haviam duvidas de impostos dos mesmos, propus a ação de cobrança e não resgatada a dívida, feita a penhora e praça, foram esses terrenos arrematados por interessados na sua aquisição, regularizando-se, assim, a sua cadastral.”

5- Prosseguindo Na Jornada.

Fixado em Nioac, onde me afirmava na atividade de advogado – minha vocação – e na política – a predominante na minha formação – senti a necessidade de organizar a minha situação pessoal, constituindo um lar, onde me refugiaria da solidão que enfrentava em razão da falta quase absoluta de vida urbana naquela comunidade.

A esse tempo a distração que se apresentava era unicamente as festas religiosas tradicionais e as reuniões dançantes comemorativas de aniversário e casamentos. Nada mais...

Certo dia, no cartório do 2º Ofício, de João Onofre Alves Ribeiro, onde eu passava a maior parte do tempo do dia, auxiliando-o, a propósito da familiarizar-me com a marcha processual dos feitos judiciais, ali chegou uma bonita Jovem, amiga da família, que entabulou conversa com a senhora daquele serventuário, D. Ana Ribeiro, ou Donana, como todos a tratavam.
Durante a permanência dela no local, não me cansei de
olhá-la, na minha devoção a toda mulher bonita. Quando ela se retirou, Donana me perguntou:

6- Casamento Com Uma Nioaquense


─ Gostou de ver a minha vizinha? Olhou tanto pra ela...
─ Respondi-lhe usando um termo de gíria, satisfeito do rumo da conversa, que me daria as informações desejadas:
─ É um peixão! Como é mesmo o nome dela?
─ Corila. É uma das filhas da comadre, minha vizinha. Todas moças bonitas e prendadas. Esta é professora da Escola Estadual (primária) e estuda com o professor Aguiar Pimenta e aprende bandolim com o João Faviere, seus amigos. Uma boa esposa para você, rapaz, que está precisando de se casar. Não é só a mulher que desvaloriza com a velhice. Homem também! Cuide-se disso... E melíflua insinuante, alvitrou:

─ Por que não lhe lança o seu anzol?

No Primeiro baile de que participamos, tirei-a para dançar, estabelecendo nosso primeiro contato – o começo do namoro. De então em diante, em todas as rezas da Capela, nos bailes e aniversários, sempre nos encontrávamos, crescendo amizade. Às vezes quando Prefeito, ia à escola a pretexto de examinar uns reparos que fazia no prédio somente para uma ligeira palestra, satisfazendo a tração que por ela sentia, o enlevo que me provocava.

Nosso namoro cresceu, levou-nos ao noivado e consequentemente ao casamento, que se realizou no dia 22 de Julho de 1922. A vizinha de Donana, então, tornou-se minha mulher, Corila Lessonier Martins, filha de Guilherme Lessonier, gaúcho, e Romualda Vasquez Lessonier, uruguaia, um casal que a exemplo de muitos outros, veio do Rio Grande do Sul, atraída pela sedução das terras novas e dadivosas, em tudo propiciatória de futuro promissor.”

Em 1923 transferiu-se para Bela Vista, onde foi exercer as funções de Intendente.

“A política de Bela Vista ficara extremada. Descambara para as inglórias lutas anteriores, propiciadas pelo rompimento político do presidente Mário Correa contra o Coronel Pedro Celestino. Em vista disso decidi retornar para Nioac, o que ocorreu, nos primeiros dias do mês de Janeiro de 1928.

Meu retorno, porém, foi breve, porque Nioac ia perdendo todas as duas posições de liderança. A criação dos Distritos de Paz de Vista Alegre (Resolução Estadual n. 892, de 13.07.923) e Maracaju (Resolução n. 912 de 08.07.924) no planalto da serra de Maracaju e o advento do tráfego de automóveis naquela região, favorecido pela topografia de terreno extremamente plano – os famosos campos de Vacaria – amesquinhavam a situação de minha pequena cidade e transferiam para Campo Grande o relacionamento comercial dos habitantes de toda região.

Posteriormente, pelo desenvolvimento da Povoação de Maracaju, foi o Distrito elevado a categoria de Município (Lei n. 982 de 07.07.928).

À vista dessa modificação, tive que acompanhar a Comarca, indo instalar-me em Maracaju, o que ocorreu logo depois do nascimento do meu terceiro filho, Demostenes, em 25 de Fevereiro de 1929”.

Martins, Demostenes
A poeira da Jornada – memórias
Editora Resenhas Tributárias Ltda.
São Paulo – SP”

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Da Academia Sul Matogrossense de Letras
Cadeira 28  Demósthenes Martins da Silva



Biografia
Nasceu na cidade de Goiana-PE, no dia 26 de outubro e 1894.
Bacharelou-se em Direito, em 1919.

Antes de chegar a Mato Grosso, percorreu o Estado como telegrafista, mas foi em Campo Grande, no ano de 1937, que estabeleceu residência, tendo sido nomeado Secretário da Prefeitura Municipal da mesma cidade.

Homem público, sua carreira teve início como prefeito de Nioaque (1922). Em Bela Vista (1923) foi Vereador e Presidente da Câmara Municipal até 1951 e em Campo Grande (1942-45), quando teve a oportunidade de receber, no ano de 1943, a visita do presidente Getúlio Vargas.

Foi Secretário de Estado de Interior, Justiça e Finanças de Mato Grosso, de 1951 a 1952; Secretário de Agricultura, Viação e Obras Públicas, de 1952 a 1956; Secretário do Interior, Justiça e Finanças, de 1962 a 1966.

Demósthenes foi diretor das Centrais Elétricas de Urubupuná (Celusa), de 19861 a 1965.
Foi um dos fundadores da Academia de Letras e História de Campo Grande. Em 1973 recebeu, da Assembleia Legislativa, o título de Cidadão Mato-Grossense.

Faleceu em Campo Grande-MS, no dia 15 de março de 1995, aos 100 anos. Seis meses depois, em 26 de setembro, o Prefeito Municipal Juvêncio César da Fonseca inaugurou a praça do bairro Villas Boas, nominando-a Praça Demósthenes Martins.

Bibliografia

Deixou publicadas as seguintes obras:
·         Marechal Rondon (1962),
·         Campo Grande: aspectos jurídicos e políticos do município (1972),
·         História de Mato Grosso (1975),
·         Uma Comarca (1978),
·         A poeira da jornada: memórias (1980) e
·         In memoriam: Fernando Corrêa da Costa (1989).


Um comentário:

  1. Descobri esse artigo pesquisando por "Guilherme Lessonier". E acabei descobrindo a encantadora história do Dr. Demosthenes e a incrível coincidência de que sua esposa e eu descendemos de Guilherme Lessonier e Nathalia Roza Lessonier. Ambos falecidos em Uruguaiana/RS. Abraço,

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