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sábado, 16 de abril de 2016

O JORNAL, A VOZ DO SUL 1894



CAPITULO XV








            Conhecendo um pouco da  Historia  Política e  Econômica  que envolveu o Município de Nioaque, principalmente na última década  do século XIX, é fácil de concluir a origem do título  “A VOZ DO SUL”. As distâncias que separavam Cuiabá, Capital do Estado de Mato Grosso, as  precariedades das estradas, tornando as viagens longas e cansativas. O único meio de transporte mais confortável era o da navegação fluvial: Aquidauana, Miranda, Paraguai, Cuiabá; as relações econômicas com a Capital eram praticamente inexistentes, uma vez que tudo que se consumia vinha de fora do Estado, Paraguai, São Paulo, Minas Gerais, Paraná, Rio de Janeiro ou mesmo do Rio Grande do Sul e Argentina, do mesmo modo, nossa produção retornava para estas mesmas regiões.
           
As únicas relações entre Nioaque,  - Sul de Mato Grosso – com Cuiabá era tão somente política e administrativa. As principais fontes geradoras de receitas do tesouro, provinha das atividades econômicas do Sul. Entretanto, no momento de usufruir dos benefícios  do tesouro, estes eram desviados para rumos diversos, menos para a região, fonte geradora.

            Daí a necessidade de uma “Voz” que gritasse e lutasse em defesa de seus interesses. Nesta ocasião, Nioaque, representava, a cidade mais importante politicamente de todo o Sul, Além de estar constituído como um dos maiores municípios do Estado, tinha força, precisava de um instrumento que chegasse a todos os rincões do Apa ao Paraná, levando sua mensagem de positivismo, progresso, liberdade, fraternidade e união do Sul mato-grossense.

            No mandato do primeiro Intendente, João Luiz da Fonseca e Moraes, progressista e administrador de visão – por sinal, foi ele quem mais lutou pelos interesses do Sul, como executivo Municipal - apoiando sem duvida pelo incansável defensor desta terra  o Cel. João Ferreira Mascarenhas “Jango Mascarenhas”, e  também um grande líder político, pois exerceu legislatura de Presidente do Conselho da Intendência Municipal, Chefe das Forças Patrióticas do Sul, na luta contra a tirania iniciada pelo Coronel João da Silva Barbosa, Comandante do 7º Regimento de Cavalaria, vereador, Juiz de Paz, Deputado Estadual e 2º Vice Presidente do Estado de Mato Grosso e pelo Dr. Cláudio Gomes da Silva, advogado e vereador eleito em 1893, foi quem montou em Nioaque uma tipografia e nela era impresso o  grito do Sul – o Jornal “A VOZ DO SUL”.

            Nascia no ano de 1894, quinto da República do Brasil e quarto da criação do Município de Nioaque, então  desmembrada de Miranda, foi montado em Nioaque sua primeira imprensa tipográfica e a publicação do seu primeiro jornal: “A VOZ DO SUL”.

            Quando João Ferreira Mascarenhas, Deputado Estadual, representante dos interesses de Nioaque e da região Sul  do Estado de Mato Grosso, adquiriu em Cuiabá, equipamentos tipográficos da antiga tipografia o Jornal “D’A Situação” e montou na Vila de Nioaque.

            Em 26 de outubro de 1894, entrava em circulação a publicação do primeiro número do jornal aqui impresso, que trazia por  título “A VOZ DO SUL”.
           
Na primeira página, a orientação do novo órgão, foi traçada[1]:

“... somos alheios a toda  e qualquer seita religiosa, mas convencidos apesar das diversidades  das partes doutrinárias, de que todas as religiões partem do mesmo princípio, que a moral  voluntária, apresentamo-nos como secretários deste alto princípio social, sendo a nossa divisa, a divisa do desinteresse: para a sociedade, pela sociedade.

            Republicamos de princípios, para nós a República é a chave que coroa a abóbada desse grande edifício de conquistas político-sociais.
           
Que a República é o único Governo que pode fazer a felicidade do povo brasileiro. Eis as nossas convicções.

            Trabalhar pelo engrandecimento da Pátria mato-grossense em todo terreno; defender os interesses estaduais, nas questões dos interesses  gerais batermo-nos pelos interesses do Sul,   em todas as questões em que for desenvolvido. Eis o nosso programa”!
           

            Poder-se-ia dizer que é tudo que se restou de material da “A VOZ DO SUL”,  não sendo possível recuperar quaisquer tipos de fragmentos do Jornal.

            Sua duração foi de curta existência. Sendo em 1896, empastelado a respectiva oficina e o material utilizado para a impressão atirado nas águas do rio Nioaque.

            O Autor desse feito selvagem recebeu o cognome de “ONÇA PRETA”, que quer dizer: “Traiçoeira”.

            Segundo Rubens de Mendonça, este foi o primeiro atentado à imprensa, na Historia do Jornalismo Mato-grossense.
     



 Fotografia do antigo Prédio da Loja Maçônica de Nioaque, atual rua Quintino Bocaiúva. Estabelecimento este que na década de 1930 e inicio de 1940 funcionou como Escolas Reunidas de Nioaque.  Localizado da Antiga Rua General Diogo.

           

O Jornal a Voz do Sul, propagador dos ideais democráticos, republicanos, liberdade, fraternidade, igualdade, sofreu este atentado entre outras razões:

¨      Era instrumento do Partido Republicano;

¨      Apoio à sucessão do Intendente Geral do Município de Nioaque, João Luiz da Fonseca e Moraes;

¨      Atendia os interesses de apenas um grupo de políticos, liberados pelo então Deputado Estadual, João Ferreira Mascarenhas;

¨      Tecia forte crítica a centralização do Governo Mato-grossense, má distribuição dos lucros tributários. Nesta Ocasião, o Município  de Nioaque, com toda a sua vastidão, era o maior contribuinte para os cofres do tesouro do Estado, tinha na extração e comercialização da “Erva Mate”, seu principal produto industrial e de exportação e que o monopólio estava reservado ao fisco estadual.

            O Município de Nioaque, o então maior representante do Sul tinha contido em si, a maior força política e econômica, mas, no entanto era castrado pelo poder centralizado em  Cuiabá. O incentivo financeiro que recebia não dava se quer para a construir o Paço Municipal, muito menos para atender as necessidades de educação, saúde, segurança pública, construção de pontes e abertura de estradas.

            “A VOZ DO SUL”, clamava por uma maior assistência do Governo Estadual, mas foi sufocada a sua “voz”, mas não foi capaz de emudecer os homens que radicados no Município, através  do trabalho e do espírito de união, construíram o desenvolvimento e o progresso do Sul.

            Nioaque foi o instrumento, a cidade mãe e mártir da região sul.

            Foi daqui que se levantou o primeiro grito pela emancipação do Sul, foi na expressão  Latina: “Primus Inter Pares”, a primeira a sofrer a dor da Guerra e da obstrução do seu desenvolvimento público. Por meio da sua vida e dor, prosperou a grande região Sul de Mato Grosso, hoje Mato Grosso do Sul, desanexando Municípios do seu território, para que houvesse o progresso do Apa ao Paraná, quase o Estado inteiro.

            O Jornal “A VOZ DO SUL” foi calado por um grupo de políticos conservadores, que serviram de instrumentos as forças  políticas radicadas na Capital, tentando desestabilizar a  influência de Jango Mascarenhas e seus correligionários.

            Sabe-se por meio de informações orais, que a Maçonaria,  através de alguns dos seus membros, eram os responsáveis pela organização e funcionamento deste veículo de comunicação.

            A tipografia onde era impresso o Jornal em Nioaque, era de propriedade do Dr. Cláudio Gomes da Silva, sendo também o redator do Jornal. 
           
A Voz do Sul foi a primeira a clamar, não apenas por Nioaque, mas por todo povo  Sul Mato-grossense. Nossa homenagem póstuma pelos idealizadores da brilhante filosofia e título do Jornal Nioaquense.







[1] Rubens de Mendonça
História do Jornalismo em Mato Grosso – 1839 – 1945 pág. 79/80 – 1951.

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